Não gosto do Natal, ao contrário de muitos acho a data triste,
isso desde criança. Eu pensava: Jesus
acabou de nascer e logo vai morrer.
Morando em cidade do
interior, bem interior, tínhamos a Novena de Natal. Durante estes nove dias,
meus colegas e eu refletíamos o significado da existência em comunhão com a
comunidade. Embora, a cidade é de uma região de Minas extremamente pobre, todos
sabiam que no fundo era rico. Rico de sabedoria, saúde, paz, harmonia e
principalmente de espírito. Assim, ajudávamos a arrecadar alimentos e roupas
para cesta de Natal de quem não tinha nada para comer ou vestir naquela noite
sagrada.
O Papai Noel era um velho
gordo e simpático que vivia só em nossa imaginação. Que trazia um único
brinquedo, bem singelo, para ser utilizado por todos os irmãos. Naquele tempo o
Natal era diferente, hoje as crianças já sabem o que vão ganhar. Mas, não será
o bom Velhinho que irá trazer, foi imposto o ano inteiro para os pais que seria
aquilo. E os pais concordaram com a imposição se o filho tirar nota boa, não
brigar com os colegas, comer verdura, se comportar na escola e ser uma criança
obediente. Tudo bem, a vida é uma troca. Tenho salário no fim do mês se eu
trabalhar, tenho uma profissão porque estudei muito durante cinco árduos anos.
No entanto, as crianças não são mais moldadas pela maioria dos pais como um ser
em formação que tem de aprender o certo e o errado e conhecer limites. O Natal
se tornou esta moeda de troca para pais e filhos.
A data de confraternização,
talvez a mais importante, perdeu seu significado para filhos extremamente
ansiosos, pais preocupados com os gastos dos presentes e posteriormente com a
divida dos mesmos. Não vejo nada de errado em festa de Natal e troca de
presentes. É bom ser lembrado, e infla o ego quando um parente ou amigo vem de
muito longe para passar esta data conosco. No entanto, penso que é uma pena que
o consumismo tenha tomado o lugar do significado natalino, de pensar no próximo
e a revisão de nossas atitudes como ser humano, pais e espelhos. Chegando ao
ponto de muitas pessoas ficarem frustradas por não comprarem tudo o que
gostariam e muitas crianças fazerem escândalos por não receber o que pediu. Ou
quando a compra do objeto, ou objetos, desejado é feita não por amor. Mas, para
sanar a culpa de ausência, atenção, limites, paciência, carinho e cuidados
negligenciados durante todo o ano.
Não estou sugerindo, de
forma alguma, que você deixe de comprar presentes no Natal para seus filhos.
Porém, o presente não pode tornar-se um fardo para toda a família em forma de
dividas, ser mais importante que a data comemorada ou valer mais que aquela avó
que está vindo de longe só para passar a data com os netos. Ela poderia está
confraternizando com qualquer outro membro da família, no entanto, escolheu
vocês para se reunir na maior festa cristã comemorada em todo o canto do mundo.
E isto tem de está claro e notório para os filhos. Sinceramente, não acredito
que a alegria do Natal esteja ligada ao número ou ao preço dos presentes. Mas,
no afeto de representar muito para as pessoas que o cerca, de reunir com os
familiares para dar graças pelas conquistas, pelo que tem, pela saúde e vida de
todos. Isto são valores que não há dinheiro que compre, são legados que não têm
preço!

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